FORÇAS DE SEGURANÇA rejeitam apoio a Mateus Simões e ampliam racha no PL em Minas
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Militares e policiais civis citam abandono, cortes orçamentários e sucateamento da segurança pública nos últimos oito anos.
Diretores do Sindpol, Vander Gomes, Breno Almeida e Leonado Dantas, em frente ao Expominas
O racha interno no Partido Liberal (PL) em Minas Gerais se intensificou com a resistência explícita das forças de segurança pública ao nome do vice-governador Mateus Simões (PSD) para a disputa ao Governo do Estado em 2026. Policiais militares e civis afirmam que não aceitam apoiar o vice-governador por considerarem que a segurança pública foi negligenciada ao longo dos últimos oito anos do governo Romeu Zema.
Entre as principais críticas feitas por integrantes das corporações estão a falta de investimentos estruturais, a ausência de reajustes salariais, a defasagem dos vencimentos frente à inflação, além do sucateamento de viaturas e da precariedade das condições de trabalho. Há relatos, inclusive, de falta de combustível para o patrulhamento e para a realização de diligências, o que compromete diretamente a atuação das forças de segurança no dia a dia.
A insatisfação ganhou manifestação pública recentemente. A diretoria do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG) realizou, durante a passagem da Caravana Federativa no Expominas (foto), em Belo Horizonte, um ato contundente para desmentir a narrativa de “estado seguro” propagada pelo governo de Romeu Zema. O protesto escancarou o descontentamento da categoria e reforçou o discurso de abandono institucional vivido pela Polícia Civil.
Para policiais civis e militares, Mateus Simões, por ocupar o cargo de vice-governador e integrar o núcleo central da atual gestão, é visto como corresponsável pelo cenário enfrentado pela segurança pública no estado. A avaliação entre esses profissionais é de que não houve prioridade política nem investimentos concretos para fortalecer as instituições ao longo dos últimos anos.
Esse descontentamento se reflete diretamente no cenário político e amplia o racha dentro do PL mineiro. Setores expressivos das forças de segurança demonstram preferência por nomes considerados mais alinhados às pautas da categoria e ao discurso conservador. Entre eles, cresce a simpatia por uma eventual candidatura do senador Cleitinho ao Governo de Minas.
A rejeição a Mateus Simões também se soma à insatisfação da chamada ala do “bolsonarismo raiz” dentro do PL, que critica alianças com representantes da atual gestão estadual e defende candidaturas mais ideológicas, tanto para o governo quanto para o Senado.
No centro das tensões está o deputado federal Nikolas Ferreira, que passou a defender o apoio a Mateus Simões, decisão que provocou reação negativa entre parte significativa de seus apoiadores, especialmente entre policiais e militares — grupos que historicamente formam uma base relevante de sustentação política do parlamentar.
Com a aproximação do calendário eleitoral de 2026, o cenário em Minas Gerais é de fragmentação política. A resistência das forças de segurança, aliada às disputas internas do PL, indica que o processo de definição das candidaturas será marcado por embates intensos, desgaste público e dificuldades de unificação dentro da legenda.
Foto: Divulgação
